"Eu perco o chão, eu não acho as palavras, eu ando tão triste, eu ando pela sala. Eu perco a hora, eu chego no fim, eu deixo a porta aberta, eu não moro mais em mim..." (Adriana Calcanhoto)

Descobri de uma forma inesperada, que não moro mais em mim. Não sou mais eu. Percebi isso. Antes eu vivia em mim, vivia com os pés no chão. Hoje vivo com eles flutuando. Penso que tudo vai se concertar com um simples dormir, que vou emagrecer comendo apenas uma salada, que meus amigos vão ser de verdade com apenas uma conversa. Mas não é assim. A vida é dura. A vida não é fácil. É muito mais díficil do que penso. Já abandonei pessoas, lugares e coisas que eu jamais pensei que eu iria abandonar, mas mesmo assim, as deixei. Foi duro. Mas deixei. É chato pensar assim, que você quer ter, mas não pode. Que você quer ir, mas não vai. O pior é que ninguém percebe. O pior é que ninguém ajuda. O pior é que ninguém. Mas enfim, vou me procurar, vou me achar, estou perdida... Estou num corpo emprestado. Essa não sou eu. Esse não é o meu eu. Não vou desistir de mim. Não vou desistir dos meus sonhos. Não vou desistir. Não se pode desistir. Só sinto que essa não sou eu. Até isso ficou sem sentido... Viu? É. Perdi o sentido. Perdi o MEU sentido. Perdi a minha essência. Queria que me devolvessem minha alegria, minha vontade de estar com as pessoas, de rir por qualquer bobagem. Eu não moro mais em mim...